Esse foi um trabalho de campo em Geomorfologia, do curso de Geografia da UENP- Cornélio Procópio-PR, orientado pelo Professor Doutor Marcelo Stipp.
Geomorfologia do Paraná
Trajeto:
O trajeto consistia em sair do litoral, atravessar os 3 Planaltos ate chegar em Londrina, verificando a suas varias formas e os vários fenômenos ocorridos em cada feição do relevo.
fonte: Google Earth
1ºP) 1ºd
Trecho via ferrovia de Curitiba a Morretes
Mais que um trajeto ligando dois pontos, com seus 14 túneis, 30 pontes e inúmeros viadutos de grande vão, a linha ferroviária proporciona uma passeio turístico com muita adrenalina, mesmo estando num seguro trem.
Nosso objetivo foi identificar as varias paisagens, analisando as varias formas do relevo da serra do mar e chegar Morretes.
A construção da ferrovia começou em fevereiro de 1880. Considerada impraticável por vários engenheiros e na época nenhum estrangeiro topou a missão. O objetivo dos engenheiros brasileiros era ligar as cidades do litoral paranaense à capital do estado, já pensando no desenvolvimento econômico e social do litoral. Era imprescindível ligar o Porto de Paranaguá aos estados do Sul do Brasil, para que se desse vazão à produção de grãos dos estados e, dessa forma, garantir apoio ao desenvolvimento econômico da região.
Para sua construção foram recrutados mais de 9.000 homens, A maioria deles vivia em Curitiba ou no litoral, e era composta de imigrantes que trabalhavam na lavoura. Mais da metade desses homens faleceram durante a construção da ferrovia, frente às condições precárias de segurança. O esforço e ousadia de trabalhadores braçais, engenheiros e outros profissionais resultou numa das mais ousadas obras da engenharia mundial. Depois de cinco anos, a ferrovia foi inaugurada em 02 de fevereiro de 1885.
O trajeto de três horas pelos mares de morro da serra paranaense começa saindo da estação ferroviária de Curitiba. Com muita expectativa saímos da bacia de Curitiba, uma área totalmente plana, para entrarmos na serra, e o trem passa a ser uma verdadeira montanha russa.
A estação de piraquara é primeiro resquício do passado da ferrovia, a antiga estação foi reformada e agora abriga um pequeno museu.
Depois da simpática estação passamos pelo túnel Roça nova e nos deparamos com a majestosa represa caiguava, que é a primeira represa ao pé da serra, responsável pelo abastecimento de Curitiba. Logo em seguida a represa Ipiranga que antigamente era usada para geração de energia na usina hidrelétrica do marumbi, em seqüência a estação véu da noiva, onde passamos ansiosos pelo túnel do diabo para ver a famosa cachoeira “Véu de noiva”
Cachoeira Véu de Noiva foto: Tiago Paulino
Depois da espetacular visão passamos pelo santuário do cadeado que foi construído em comemoração aos 80 anos da ferrovia. Chegamos então à temida ponte são João, com suas enormes proporções e uma linda visão, alem do frio na barriga, que se intensifica com a sensação de estar flutuando, ser jogado ao céu, no trecho do viaduto carvalho.
Ponte São João foto: Tiago Paulino
Assim passamos pelo fabuloso parque do marumbi, com seus vários picos, tendo o Pico Marumbi, o mais alto de todos, seus 1539 metros. Ate chegarmos a estação em Morretes.
2ºP) 1ºd
Morretes
25º 28’ S 48º 50’W
A cidade de Morretes lacaliza-se no Sudeste paranaense, numa planície sedimentar a 10 m de altitude, com área de 663 km2. O clima tropical (quente e úmido). A temperatura média no mês mais quente é de 22º C e no mês mais frio, 18º C. Situa-se a 68 km da capital. Uma cidade histórica que abriga relíquias da colonização principalmente em sua arquitetura. Suas belas palmeiras imperiais com mais de 40 metros de altura impressiona seus visitantes. Sua culinária típica é o barreado, uma carne com um preparo especial.
A mata atlântica toma conta da vegetação, ocorrendo uma variação na altitude, sendo que acima de 900metros temos a floresta de altitude, entre 50 e 900 metros a floresta de encosta e abaixo de 50 metros a floresta de planície, da restinga e dos manguezais.
Nosso objetivo em Morretes alem de almoçar foi identificar e analisar a cidade histórica e a cultura que ainda vive na cidade.
Prédio antigo/centro histórico foto: Tiago Paulino
Palmeiras Imperiais/ Centro Histórico foto: Tiago Paulino
Acredita-se que essas palmeiras foram plantadas quando Dom Pedro veio para Morretes.
Pernoite
Litoral
25 º 48’ S 48º 32’ W
A região litorânea foi rebaixada por um falhamento marginal de um antigo nível do planalto paranaense, fenômeno geológico ocorrido provavelmente entre a era Cenozóica e o final da era Mesozóica.
Geologicamente bem mais recente é que se iniciou a elevação da costa submersa, acredita-se que tenha ocorrido no Pleistoceno, comprovada pela existência de antigas praias, em plena plataforma continental, alem de formações de blocos de rochas mais resistentes como as ilhas Currais, Itacolomi, Saí, Palmas, Galheta e a parte de rochas cristalinas e intrusões de diques na ilha do Mel.
O litoral ainda pode ser dividido em dois: A parte Montanhosa e a baixada costeira. A Montanhosa abrange morros isolados, algumas cadeias de morros e as encostas da Serra do Mar. Geologicamente é uma área constituída por rochas cristalinas predominantemente granitos e gnaisses
Serra do Mar foto: Tiago Paulino
A baixada costeira forma uma pequena planicie onde predominam areias e argilas.
As praias do litoral paranaense podem ser divididas assim:
Praia Deserta: localizada ao norte de Paranaguá, desde Inácio Dias até a foz do rio Ararapira, nos limites com o Estado de São Paulo;
Praia de Leste: compreende a faixa de praias que se estende de Pontal do Paraná até Caiobá;
Praia do Sul: abrange a faixa de praias localizadas ao sul da baía de Guaratuba até a Ilha do Saí, nos limites com o Estado de Santa Catarina.
Balneário Matinhos foto: Tiago Paulino
1ºP) 2ºd
Curitiba
25º S e 49ºW
Estamos em Curitiba, na verdade numa bacia sedimentar, que fica no planalto de Curitiba, que pode ser dividida em duas partes: A parte norte que é caracterizada geologicamente pela presença de filitos, calcários, dolomitos, mármores e quartzitos e ao sul a base do relevo é de origem cristalina (granitos e gnaisses), e na superfície, se encontram argilas e areias depositadas ao longo do rio Iguaçu, seus afluentes e ao redor da cidade de Curitiba.
Curitiba Foto: Tiago Paulino
Essa bacia é uma área onde ocorreu a denudação do relevo, na era cambriana, ocasionado principalmente pelo derretimento de geleiras. Que geomorfologicamente falando, nessa época devido a esse material argiloso, ou seja, mais suscetível a erosão, foi onde ocorreu o rebaixamento do relevo formando a bacia
Nosso objetivo foi identificar os acontecimentos geológicos que influenciaram e transformaram a geomorfologia da região.
Já no processo de dobramento, ocasionado pela deriva continental, proporcionou varias intrusões de diques pelo estado, que é conhecido por derrame de Trapp.
Em Curitiba também identificamos bolsões, que são intrusões conhecidas por mesetas, onde devido o solo ser mais maleável forma-se uma bolsa ao invés de formar riscos extensos em áreas onde o material é mais rígido.
2ºP) 2ºd
Escarpa Devoniana
25º26’S e 49º36’W
As cuestas são formas de relevo resultantes da erosão regressiva e que apresentam um lado escarpado e o outro em declive suave. Os planaltos paranaenses dividem-se por dois conjuntos de cuestas: a Escarpa Devoniana e a Serra geral.
Saímos da bacia e entramos agora no relevo conhecido por Escarpa Devoniana, o marco da passagem do 1º para o 2º planalto, que na verdade não é dessa época, ela recebe esse nome devido à rocha matriz, o arenito furnas sustentar o basalto, ou seja, o material que esta por cima (basalto) é mais recente geologicamente do que o que esta por baixo o (arenito). O certo seria a Escarpa do Arenito Devoniano. Podemos identificar que o relevo é mais ondulado e que existe um faixa em forma de arco que estende se por 260 km e possui desníveis de ate 450 metros na região do canyon Guartelá.
Escarpa Devoniana ao Fundo Foto: Tiago Paulino
Nosso objetivo foi identificar a escarpa e saber a dinâmica geológica que provocou tal fenômeno.
3ºP) 2ºd
Segundo Planalto /Barbas de Bode
25º28’S e 49º42’ W
O segundo planalto paranaense, denominado Planalto de Ponta Grossa, compreende a região ocupada pelos Campos Gerais. Seus limites naturais são dados: a leste pela Escarpa Devoniana; a oeste pela escarpa da Esperança (Serra Geral).
As maiores altitudes do segundo planalto (1.100 a 1.200 metros) estão na Escarpa Devoniana, declinado para sudoeste, oeste e noroeste. Os pontos mais baixos (350 a 560 metros) estão situados na parte norte, no encontro do segundo (Planalto de Ponta Grossa) com o terceiro planalto (Planalto de Guarapuava).
Estamos no segundo planalto, e deixamos a escarpa Devoniana pra trás, agora se apresenta um relevo com uma ondulação bem suave, com a vegetação característica por pinheiros e barbas de bode, um capim típico de um solo bem pobre e acido, alem do solo ser raso, expondo a rocha matriz facilmente na construção da rodovia na região.
Rocha matriz exposta e barbas de bode
Trecho da BR-369 foto: Tiago Paulino
Com este tipo de solo pobre a sua utilização retém se na criação de pastagem. Geomorfologicamente falando percebemos a uniformidade do relevo e predominam os terrenos sedimentares antigos da era Paleozóica, reunidos nos grupos: Paraná ou Campos Gerais (devoniano); Itararé (Carbonífero) e Passa Dois (Permiano). Quanto às rochas mais comuns temos: arenitos (Vila Velha e Furnas), folhelhos (Ponta Grossa e os betuminosos), carvão mineral, varvitos, siltitos e tilitos.
No segundo planalto na região de Ponta grossa podemos verificar as conchinhas, principalmente em Vila Velha, isso que seria uma evidencia direta que essa região foi em eras geológicas atrás um mar. Predomina aqui também uma areia branca que surgi da ação imtemperica do tempo sobre o Arenito Furnas.
Estamos em uma ponte no Rio Tibagi, em uma região conhecida por santinha. Sendo aqui na verdade um canyon, o interessante aqui é que existe uma intrusão de um dique máfico no meio do arenito furnas, que foi erodido sobrando apenas o dique, que consequentemente é mais resistente, o dique que abriga a imagem da santa.
Do outro lado da ponte podemos ver que o dique veio fazendo a fratura e percebe-se que a área que coincide maior vegetação seria pelo fato que o solo desgastado do dique e a formação do canyon a partir da retirada do arenito pela água.
Rio Tibagi foto: Tiago Paulino
5ºP)2ºd
Escarpa da serra geral ou serra da esperança
23º59’ S 51º18’ W
È considerada a divisão geomorfologica do 2º para o 3º planalto.
As terras situadas a oeste da serra ou escarpa da Esperança, formam o terceiro planalto paranaense, denominado Planalto de Guarapuava, que ocupa 2/3 de superfície do Estado do Paraná. Geologicamente corresponde ao vasto derrame de rochas eruptivas (basaltos, diábases e meláfiros) e aos depósitos de arenitos (Botucatu e Caiuá) da era Mesozóica, onde aconteceu o maior derrame de lavas vulcânicas do mundo, conhecido como derrame de Trapp, que mais tarde originou a famosa terra roxa, que se faz presente no norte e oeste do estado.
Bolo de noiva/Derrame de Trapp foto: Tiago Paulino
Tornando-se por base os rios Tibagi, Ivaí, Piquiri e Iguaçu, o terceiro planalto pode ser dividido nos seguintes blocos: planalto de Cambará e São Jerônimo, planalto de Apucarana, planalto de Campo Mourão, planalto de Guarapuava e planalto de Palmas.
Planalto de Cambará e São Jerônimo da Serra
Ocupa a parte nordeste do Estado do Paraná, entre os rios Tibagi, Paranapanema e Itararé. Suas altitudes variam entre 1.150 metros, na escarpa da Esperança, e 300 metros, no rio Paranapanema.
Planalto de Apucarana
Situa-se entre os rios Tibagi, Paranapanema, Ivaí e Paraná. Atinge altitudes de 1.125 metros na escarpa (serras do Cadeado e Bufadeira), declinando pra 290 metros ao atingir o rio Paranapanema. O mesmo acontece na direção oeste, quando atinge altitudes de 235 metros no rio Paraná.
Serra do Cadeado foto: Tiago Paulino
Planalto de Campo Mourão
Compreende as terras localizadas entre os rios Ivaí, Piquiri e Paraná. Atinge altitudes de 1150 metros na escarpa da Esperança, declinando para 225 metros no rio Paraná.
Planalto de Guarapuava
Abrange as terras situadas entre os rios Piquiri, Iguaçu e Paraná, constituídas de uma zona de mesetas. Suas altitudes são de 1250 metros na escarpa, declinando em direção oeste para 550 metros (serras de Boi Preto e de São Francisco) 197 metros no Paraná.
Planalto de Palmas
Este planalto compreende as terras que ficam na parte norte do divisor de águas entre os rios Iguaçu e Uruguai. Suas altitudes chegam a 1150 metros, diminuindo até 300 metros à medida que se aproximam do vale do rio Iguaçu.
Em vários locais do terceiro planalto paranaense, aparecem denominações de serras: Dourados, Palmital, Cantagalo, Chagu, Pitanga, Lagarto, Apucarana, Fartura e muitas outras. Na realidade estas serras não passam de espigões, mesetas, ou de pequenos morros. Outras são degraus (estruturais) que ocupam bordas de lençóis de lavas, como as escarpas São Francisco e Boi Preto, localizadas no oeste do Estado do Paraná.
6ºP)2ºd
Intrusão/pedreira
23º 68’S 51º50’ W
A última parada do trabalho foi em uma antiga pedreira, que na realidade é uma intrusão de basalto, aqui já que foi uma pedreira apresenta a feição bem modificada. Onde foi esculpida sobrando só a Intrusão que é mais rígida. Na região de Londrina aconteceu a mesmo fenômeno, o soerguimento tracionou o relevo e derramou a lava, são fraturas que na realidade só aconteceram no 3º planalto.
Intrusão de magma/Pedreira foto: Tiago Paulino