sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Geomorfologia do Paraná

Esse trabalho vai pra quem gosta de geografia! Na verdade mais especificadamente geomorfologia, que estuda basicamente as formas e feições do relevo e todos os processos que os formaram e os processo que continuam os transformando ate hoje.
Esse foi um trabalho de campo em Geomorfologia, do curso de Geografia da UENP- Cornélio Procópio-PR, orientado pelo Professor Doutor Marcelo Stipp.

Geomorfologia do Paraná

Trajeto:

O trajeto consistia em sair do litoral, atravessar os 3 Planaltos ate chegar em Londrina, verificando a suas varias formas e os vários fenômenos ocorridos em cada feição do relevo.



fonte: Google Earth


1ºP) 1ºd

Trecho via ferrovia de Curitiba a Morretes

Mais que um trajeto ligando dois pontos, com seus 14 túneis, 30 pontes e inúmeros viadutos de grande vão, a linha ferroviária proporciona uma passeio turístico com muita adrenalina, mesmo estando num seguro trem.

Mapa da Linha férrea fonte: http://www.morretes.com.br/mp_parana.htm


Nosso objetivo foi identificar as varias paisagens, analisando as varias formas do relevo da serra do mar e chegar Morretes.
A construção da ferrovia começou em fevereiro de 1880. Considerada impraticável por vários engenheiros e na época nenhum estrangeiro topou a missão. O objetivo dos engenheiros brasileiros era ligar as cidades do litoral paranaense à capital do estado, já pensando no desenvolvimento econômico e social do litoral. Era imprescindível ligar o Porto de Paranaguá aos estados do Sul do Brasil, para que se desse vazão à produção de grãos dos estados e, dessa forma, garantir apoio ao desenvolvimento econômico da região.
Para sua construção foram recrutados mais de 9.000 homens, A maioria deles vivia em Curitiba ou no litoral, e era composta de imigrantes que trabalhavam na lavoura. Mais da metade desses homens faleceram durante a construção da ferrovia, frente às condições precárias de segurança. O esforço e ousadia de trabalhadores braçais, engenheiros e outros profissionais resultou numa das mais ousadas obras da engenharia mundial. Depois de cinco anos, a ferrovia foi inaugurada em 02 de fevereiro de 1885.
O trajeto de três horas pelos mares de morro da serra paranaense começa saindo da estação ferroviária de Curitiba. Com muita expectativa saímos da bacia de Curitiba, uma área totalmente plana, para entrarmos na serra, e o trem passa a ser uma verdadeira montanha russa.
A estação de piraquara é primeiro resquício do passado da ferrovia, a antiga estação foi reformada e agora abriga um pequeno museu.
Depois da simpática estação passamos pelo túnel Roça nova e nos deparamos com a majestosa represa caiguava, que é a primeira represa ao pé da serra, responsável pelo abastecimento de Curitiba. Logo em seguida a represa Ipiranga que antigamente era usada para geração de energia na usina hidrelétrica do marumbi, em seqüência a estação véu da noiva, onde passamos ansiosos pelo túnel do diabo para ver a famosa cachoeira “Véu de noiva”

Cachoeira Véu de Noiva foto: Tiago Paulino

Depois da espetacular visão passamos pelo santuário do cadeado que foi construído em comemoração aos 80 anos da ferrovia. Chegamos então à temida ponte são João, com suas enormes proporções e uma linda visão, alem do frio na barriga, que se intensifica com a sensação de estar flutuando, ser jogado ao céu, no trecho do viaduto carvalho.

Ponte São João foto: Tiago Paulino

Assim passamos pelo fabuloso parque do marumbi, com seus vários picos, tendo o Pico Marumbi, o mais alto de todos, seus 1539 metros. Ate chegarmos a estação em Morretes.

2ºP) 1ºd

Morretes
25º 28’ S 48º 50’W

Chafariz no centro histórico foto: Tiago Paulino

A cidade de Morretes lacaliza-se no Sudeste paranaense, numa planície sedimentar a 10 m de altitude, com área de 663 km2. O clima tropical (quente e úmido). A temperatura média no mês mais quente é de 22º C e no mês mais frio, 18º C. Situa-se a 68 km da capital. Uma cidade histórica que abriga relíquias da colonização principalmente em sua arquitetura. Suas belas palmeiras imperiais com mais de 40 metros de altura impressiona seus visitantes. Sua culinária típica é o barreado, uma carne com um preparo especial.
A mata atlântica toma conta da vegetação, ocorrendo uma variação na altitude, sendo que acima de 900metros temos a floresta de altitude, entre 50 e 900 metros a floresta de encosta e abaixo de 50 metros a floresta de planície, da restinga e dos manguezais.
Nosso objetivo em Morretes alem de almoçar foi identificar e analisar a cidade histórica e a cultura que ainda vive na cidade.


Prédio antigo/centro histórico foto: Tiago Paulino

Palmeiras Imperiais/ Centro Histórico foto: Tiago Paulino

Acredita-se que essas palmeiras foram plantadas quando Dom Pedro veio para Morretes.

Pernoite

Litoral

25 º 48’ S 48º 32’ W

A região litorânea foi rebaixada por um falhamento marginal de um antigo nível do planalto paranaense, fenômeno geológico ocorrido provavelmente entre a era Cenozóica e o final da era Mesozóica.
Geologicamente bem mais recente é que se iniciou a elevação da costa submersa, acredita-se que tenha ocorrido no Pleistoceno, comprovada pela existência de antigas praias, em plena plataforma continental, alem de formações de blocos de rochas mais resistentes como as ilhas Currais, Itacolomi, Saí, Palmas, Galheta e a parte de rochas cristalinas e intrusões de diques na ilha do Mel.
O litoral ainda pode ser dividido em dois: A parte Montanhosa e a baixada costeira. A Montanhosa abrange morros isolados, algumas cadeias de morros e as encostas da Serra do Mar. Geologicamente é uma área constituída por rochas cristalinas predominantemente granitos e gnaisses

Serra do Mar foto: Tiago Paulino

A baixada costeira forma uma pequena planicie onde predominam areias e argilas.
As praias do litoral paranaense podem ser divididas assim:

Praia Deserta: localizada ao norte de Paranaguá, desde Inácio Dias até a foz do rio Ararapira, nos limites com o Estado de São Paulo;

Praia de Leste: compreende a faixa de praias que se estende de Pontal do Paraná até Caiobá;

Praia do Sul: abrange a faixa de praias localizadas ao sul da baía de Guaratuba até a Ilha do Saí, nos limites com o Estado de Santa Catarina.


Balneário Matinhos foto: Tiago Paulino

1ºP) 2ºd

Curitiba

25º S e 49ºW

Estamos em Curitiba, na verdade numa bacia sedimentar, que fica no planalto de Curitiba, que pode ser dividida em duas partes: A parte norte que é caracterizada geologicamente pela presença de filitos, calcários, dolomitos, mármores e quartzitos e ao sul a base do relevo é de origem cristalina (granitos e gnaisses), e na superfície, se encontram argilas e areias depositadas ao longo do rio Iguaçu, seus afluentes e ao redor da cidade de Curitiba.

Curitiba Foto: Tiago Paulino

Essa bacia é uma área onde ocorreu a denudação do relevo, na era cambriana, ocasionado principalmente pelo derretimento de geleiras. Que geomorfologicamente falando, nessa época devido a esse material argiloso, ou seja, mais suscetível a erosão, foi onde ocorreu o rebaixamento do relevo formando a bacia
Nosso objetivo foi identificar os acontecimentos geológicos que influenciaram e transformaram a geomorfologia da região.
Já no processo de dobramento, ocasionado pela deriva continental, proporcionou varias intrusões de diques pelo estado, que é conhecido por derrame de Trapp.
Em Curitiba também identificamos bolsões, que são intrusões conhecidas por mesetas, onde devido o solo ser mais maleável forma-se uma bolsa ao invés de formar riscos extensos em áreas onde o material é mais rígido.

2ºP) 2ºd
Escarpa Devoniana

25º26’S e 49º36’W

As cuestas são formas de relevo resultantes da erosão regressiva e que apresentam um lado escarpado e o outro em declive suave. Os planaltos paranaenses dividem-se por dois conjuntos de cuestas: a Escarpa Devoniana e a Serra geral.
Saímos da bacia e entramos agora no relevo conhecido por Escarpa Devoniana, o marco da passagem do 1º para o 2º planalto, que na verdade não é dessa época, ela recebe esse nome devido à rocha matriz, o arenito furnas sustentar o basalto, ou seja, o material que esta por cima (basalto) é mais recente geologicamente do que o que esta por baixo o (arenito). O certo seria a Escarpa do Arenito Devoniano. Podemos identificar que o relevo é mais ondulado e que existe um faixa em forma de arco que estende se por 260 km e possui desníveis de ate 450 metros na região do canyon Guartelá.


Escarpa Devoniana ao Fundo Foto: Tiago Paulino

Nosso objetivo foi identificar a escarpa e saber a dinâmica geológica que provocou tal fenômeno.

3ºP) 2ºd
Segundo Planalto /Barbas de Bode

25º28’S e 49º42’ W

O segundo planalto paranaense, denominado Planalto de Ponta Grossa, compreende a região ocupada pelos Campos Gerais. Seus limites naturais são dados: a leste pela Escarpa Devoniana; a oeste pela escarpa da Esperança (Serra Geral).
As maiores altitudes do segundo planalto (1.100 a 1.200 metros) estão na Escarpa Devoniana, declinado para sudoeste, oeste e noroeste. Os pontos mais baixos (350 a 560 metros) estão situados na parte norte, no encontro do segundo (Planalto de Ponta Grossa) com o terceiro planalto (Planalto de Guarapuava).
Estamos no segundo planalto, e deixamos a escarpa Devoniana pra trás, agora se apresenta um relevo com uma ondulação bem suave, com a vegetação característica por pinheiros e barbas de bode, um capim típico de um solo bem pobre e acido, alem do solo ser raso, expondo a rocha matriz facilmente na construção da rodovia na região.

Rocha matriz exposta e barbas de bode


Trecho da BR-369 foto: Tiago Paulino

Com este tipo de solo pobre a sua utilização retém se na criação de pastagem. Geomorfologicamente falando percebemos a uniformidade do relevo e predominam os terrenos sedimentares antigos da era Paleozóica, reunidos nos grupos: Paraná ou Campos Gerais (devoniano); Itararé (Carbonífero) e Passa Dois (Permiano). Quanto às rochas mais comuns temos: arenitos (Vila Velha e Furnas), folhelhos (Ponta Grossa e os betuminosos), carvão mineral, varvitos, siltitos e tilitos.
No segundo planalto na região de Ponta grossa podemos verificar as conchinhas, principalmente em Vila Velha, isso que seria uma evidencia direta que essa região foi em eras geológicas atrás um mar. Predomina aqui também uma areia branca que surgi da ação imtemperica do tempo sobre o Arenito Furnas.

4ºP) 2ºd

Ponte do Tibagi

25º 17’S e 49º WPonte do Tibagi foto: Tiago Paulino

Estamos em uma ponte no Rio Tibagi, em uma região conhecida por santinha. Sendo aqui na verdade um canyon, o interessante aqui é que existe uma intrusão de um dique máfico no meio do arenito furnas, que foi erodido sobrando apenas o dique, que consequentemente é mais resistente, o dique que abriga a imagem da santa.

Do outro lado da ponte podemos ver que o dique veio fazendo a fratura e percebe-se que a área que coincide maior vegetação seria pelo fato que o solo desgastado do dique e a formação do canyon a partir da retirada do arenito pela água.

Rio Tibagi foto: Tiago Paulino

5ºP)2ºd
Escarpa da serra geral ou serra da esperança

23º59’ S 51º18’ W

È considerada a divisão geomorfologica do 2º para o 3º planalto.
As terras situadas a oeste da serra ou escarpa da Esperança, formam o terceiro planalto paranaense, denominado Planalto de Guarapuava, que ocupa 2/3 de superfície do Estado do Paraná. Geologicamente corresponde ao vasto derrame de rochas eruptivas (basaltos, diábases e meláfiros) e aos depósitos de arenitos (Botucatu e Caiuá) da era Mesozóica, onde aconteceu o maior derrame de lavas vulcânicas do mundo, conhecido como derrame de Trapp, que mais tarde originou a famosa terra roxa, que se faz presente no norte e oeste do estado.

Bolo de noiva/Derrame de Trapp foto: Tiago Paulino

Tornando-se por base os rios Tibagi, Ivaí, Piquiri e Iguaçu, o terceiro planalto pode ser dividido nos seguintes blocos: planalto de Cambará e São Jerônimo, planalto de Apucarana, planalto de Campo Mourão, planalto de Guarapuava e planalto de Palmas.


Planalto de Cambará e São Jerônimo da Serra

Ocupa a parte nordeste do Estado do Paraná, entre os rios Tibagi, Paranapanema e Itararé. Suas altitudes variam entre 1.150 metros, na escarpa da Esperança, e 300 metros, no rio Paranapanema.

Planalto de Apucarana

Situa-se entre os rios Tibagi, Paranapanema, Ivaí e Paraná. Atinge altitudes de 1.125 metros na escarpa (serras do Cadeado e Bufadeira), declinando pra 290 metros ao atingir o rio Paranapanema. O mesmo acontece na direção oeste, quando atinge altitudes de 235 metros no rio Paraná.

Serra do Cadeado foto: Tiago Paulino

Planalto de Campo Mourão

Compreende as terras localizadas entre os rios Ivaí, Piquiri e Paraná. Atinge altitudes de 1150 metros na escarpa da Esperança, declinando para 225 metros no rio Paraná.

Planalto de Guarapuava

Abrange as terras situadas entre os rios Piquiri, Iguaçu e Paraná, constituídas de uma zona de mesetas. Suas altitudes são de 1250 metros na escarpa, declinando em direção oeste para 550 metros (serras de Boi Preto e de São Francisco) 197 metros no Paraná.

Planalto de Palmas

Este planalto compreende as terras que ficam na parte norte do divisor de águas entre os rios Iguaçu e Uruguai. Suas altitudes chegam a 1150 metros, diminuindo até 300 metros à medida que se aproximam do vale do rio Iguaçu.
Em vários locais do terceiro planalto paranaense, aparecem denominações de serras: Dourados, Palmital, Cantagalo, Chagu, Pitanga, Lagarto, Apucarana, Fartura e muitas outras. Na realidade estas serras não passam de espigões, mesetas, ou de pequenos morros. Outras são degraus (estruturais) que ocupam bordas de lençóis de lavas, como as escarpas São Francisco e Boi Preto, localizadas no oeste do Estado do Paraná.

6ºP)2ºd

Intrusão/pedreira

23º 68’S 51º50’ W

A última parada do trabalho foi em uma antiga pedreira, que na realidade é uma intrusão de basalto, aqui já que foi uma pedreira apresenta a feição bem modificada. Onde foi esculpida sobrando só a Intrusão que é mais rígida. Na região de Londrina aconteceu a mesmo fenômeno, o soerguimento tracionou o relevo e derramou a lava, são fraturas que na realidade só aconteceram no 3º planalto.

Intrusão de magma/Pedreira foto: Tiago Paulino
Legendas: P=parada D=dia

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

BATMAN - CAVALEIRO DAS TREVAS

Mais uma das grandes Obras de Frank Miller e Lynn Varley.

Leitura obrigatória para todos os fãs, junto de Batman: Ano UM (Qual iremos postar em BREVE.)

Enquanto Batman Ano UM é o alpha da mitologia do Homem Morcego, sem dúvida alguma o Cavaleiro das Trevas é o seu Ômega.

Nesta classica edição, Gothan está imersa em chaos enquanto Bruce Wayne e o Comissário Gordon brindam, enquanto um comemora as vésperas de sua aposentadoria (aos 70 anos) o outro comemora já ter se passado 10 anos sem vestir seu uniforme.

Muita coisa acontece e é muito emocionante, que eu poderia ficar escrevendo sobre esse assunto por horas. Para quem gostou do filme Batman Begins fica a dica dessa HQ qual contribuiu com elementos usados no filme (inclusive existe algumas cenas muito semelhantes).

Tah aih pra vocês, agora é soh baixar e aproveitar.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

CARTA AO CHEFE SEATTLE

Carta do Chefe Seattle

Carta do Chefe Seattle
"O que ocorrer com a terra, recairá sobre os filhos da terra.Há uma ligação em tudo."
Este documento - dos mais belos e profundos pronunciamentos já feitos a respeito da defesa do meio ambiente - vem sendo intensamente divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas). É uma carta escrita, em 1854, pelo chefe Seatle ao presidente dos EUA, Franklin Pierce, quando este propôs comprar grande parte das terras de sua tribo, oferecendo, em contrapartida, a concessão de uma outra "reserva". Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia nos parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, com é possível comprá-los? Cada pedaço desta terra é sagrada para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra da floresta densa, cada clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das arvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs; o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos, os sulcos úmidos nas campinas, o calor do potro, e o homem - todos pertencem a mesma família. Portanto quando o Grande Chefe de Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós. O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil. Essa terra é sagrada para nós.Essa água brilhante que escorre nos riachos não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se que ela é sagrada e devem ensinar as suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida de meu povo. O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais. Os rios são nossos irmãos e saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção da terra, para ele, tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu como coisas que possam ser compradas, saqueadas, vendidas como carneiros. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto. Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.Não há lugar quieto na cidade do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o deabrochar das flores na primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas talvez porque eu sou um selvagem e não compreenda. O ruído parece somente insultar os ouvidos. E o que resta da vida se um homem não pode ouvir o canto solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa à noite? Eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio verão limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.O ar é precioso para o homem vermelho pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro - o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Como um homem agonizante há vários dias, o homem branco é insensível ao mau cheiro. Mas se verdermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro aspirar também recebe seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados. Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais dessa terra como irmãos.Sou um selvagem e não compreendo outra forma de agir. Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planîcie, abandonados pelo homem branco que os alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecermos vivos. O que é os homens sem os animais? Se todos os animais se fossem, os homens morreriam de uma grande solidão de espírito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontecerá com o homem. Há uma ligação em tudo. Vocês devem ensinar as suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem as suas crianças o que ensinamos as nossas que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.Isto sabemos: a terra não pertence ao homem, o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as coisa estão ligadas como o sangue que une a família. Há uma ligação em tudo. O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo.Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos e o homem branco poderá vir a descobrir um dia: nosso Deus é o mesmo Deus. Ele é o Deus do homem, e Sua compaixão é igual para o homem vermelho e para o homem branco. A terra lhe é preciosa, e ferí-la é desprezar seu criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo que todas as tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos. Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnadas do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros obstruídos por fios que falam. Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a águia? Desapareceu. É o final da vida e o início da sobrevivência.

Elisa Lucinda

"SÓ DE SACANAGEM"

Meu coração está aos pulos!Quantas vezes minha esperança será posta à prova? Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro. Do meu dinheiro, do nosso dinheiro, Que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós. Para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais. Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais. Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz. Mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz. Meu coração tá no escuro. A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó E dos justos que os precederam: “Não roubarás”. “Devolva o lápis do coleguinha”. “Esse apontador não é seu, minha filha”. Pois bem, se mexeram comigo, Com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, Então agora eu vou sacanear: Mais honesta ainda vou ficar! Só de sacanagem! Dirão: “Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba” E eu vou dizer: “Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez”. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau. Dirão: “É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”. E eu direi: “Não admito, minha esperança é imortal”. E eu repito: “Ouviram? IMORTAL!” Sei que não dá para mudar o começo Mas, se a gente quiser, Vai dar para mudar o final!

NIETZCHE

A GRANDE CIDADE

PEREGRINO QUE VENS DE LONGE, NÃO ENTRES AQUI,ESTA É A GRANDE CIDADE,A NOVA BABILÔNIA,ONDE NADA TENS DE ACHAR,MAS TUDO QUE PERDER. PARA QUE QUERES INTRODUZIR-TE NESTE LODAÇAL? ISTO É UM INFERNO PARA OS EREMITAS SOLITÁRIOS. AQUI SE COZEM VIVOS OS GRANDES SENTIMENTOS, DESDE LOGO ATACADOS PELA CORRUÇÃO DAS PAIXÕES POLUÍDAS. NÃO SENTES JÁ O CHEIRO DAS CATACUMBAS E O MIASMA DOS MORTOS? NÃO FUMEGA ESTA CIDADE SOB OS VASPORESS MEFÍTICOS DOS ESPIRÍTOS SACRIFICADOS? NÃO VÊS PENDURADAS, AS ALMAS,COMO FRANGALHOS SUJOS, EXPOSTAS AO ESCARNEO? VAI PEREGRINO,VIRA AS COSTAS A GRANDE CIDADE E FOGE, ISTO AQUI É A PORTA DO INFERNO.

A CAMINHO

A CAMINHO

"EM MEMÓRIA"

"EM MEMÓRIA"
JESUS NAZARÉNO

GAND

GIBRAN

ANTONIO CONSELHEIRO

KRISHNAMURTI

AUGUSTO DOS ANJOS

LAO TE SÉ

RAJNEESH

LEON TOLSTOI

HERMAN HESSE

NIETZSCHE

CHICO MENDES

ORLANDO VILAS BOAS

DOMINGOS CALABAR

JOHN WEISSMULLER

CHE GUEVARA

HENRY CHARRIERE ( PAPILLON )

VÍRGULINO FERREIRA DA SILVA ( LAMPIÃO )

JIMI HENDRIX

JANIS JOPLIN

BRIAN JONIS

Israel Semente

JIM MORRISON

TOM JOBIM

RAUL SEIXAS

TIM MAIA

TOURO SENTADO

HENRY BENNING

AYRTON SENA

MANÉ GARRINCHA

DAVID CUNHA ( ESPANTA )

GOLIAS

AMEDEO MODIGLIANI

PABLO PICASSO

SALVADOR DALI